segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Clichês

''Basta estar vivo para morrer''. Amo ditos populares, alguns julgam clichês desprezíveis, outros os usam indiscriminadamente. Eu, criada a base de frase de paralamas de caminhão, durante as intermináveis viagens por terra nas férias de verão, sei vários. E eles sempre me vêm à mente. São os precursores do twitter. Em menos de 140 caracteres dizem tudo, com clareza e objetividade.

Hoje ao sair do prédio onde trabalho vi o burburinho. Há menos de 15m uma mulher morrera de ataque fulminante do coração. ''Basta estar vivo para morrer'' - pensei. E os macacos começaram sua algazarra no sótão.

Por que nós esticamos mágoas e rancores? Por que nos afastamos de quem amamos por birra? Por que super valorizamos o medo em lugar do amor, a dor em lugar da saúde, a mágoa em lugar da compreensão? Por que buscamos afetos fakes para suprir nossas carências reais? Por que investimos tanto tempo em ferir quem nos fere, quando o que no fundo do coração queremos é que o engano, a briga, o desentendimento nunca tivesse ocorrido?

Por que perdemos valiosos minutos de nossa vida longe de quem nos faz feliz? De quem amamos? Dos amigos? Dos sentimentos verdadeiros?

Nossa vida está por um fio todos os dias. É clichê, sim! Mas é! A qualquer instante eu ou você podemos simplesmente deixar de existir e conosco vai embora um amor, uma palavra de afeto não dita, um reencontro adiado. Vale a pena usar paliativos para estancar a dor da injustiça ou da decepção em lugar de buscar o reencontro, o diálogo franco, maduro e honesto? Vale a pena falar com quem quiser e perder quem nos ama e a quem amamos?

Só existe hoje. Apenas hoje existe, por que basta estarmos vivos para morrermos. Quero viver cada dia como se fosse o último, preferencialmente ao lado de quem amo de verdade e não acalentando meu ego com carícias fake. Quero que, longa ou curta, minha vida seja real e intensa. Com dores e amores.

Não espere 2011 para ser feliz, para iniciar a dieta, para fazer as pazes com o irmão, para reatar o relacionamento com a mulher que ama, para dar uma chance ao homem da sua vida.

Viva agora! Jogue fora agora todo o lixo, os cadáveres, as más lembranças, as dores mal curadas, as mágoas e os rancores. Aceite agora que você e os outros têm limitações.

Viva agora! Não espere o dia seguinte, esse tempo não existe.

Viva agora os melhores desejos para 2011! Não há garantias! Portanto, viva. Agora!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Hoje eu vou de... Clarice Lispector




 Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!
Clarice Lispector

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

All You Need Is Love

Carta de Natal

Querida Nanda,

É Natal e sua carta me encheu de alegria e saudade. Lê-la partindo para a realização de um sonho é inspirador. Ei de fazer meus percursos qualquer hora dessas. Saturno passou por mim (passou?) e não foi fácil, confesso sem nenhum constrangimento. Abalou estruturas, mas faz parte. Afinal, querida, todas as estruturas são instáveis.

E você, sábia que é, já percebeu. Viver-vivendo e passar-passando é como se vive. Não é fácil, mas é simples. Quero respirar fundo e viver-vivendo agora, por que o tempo, é de fato um sinalizador. Nós humanos temos nos iludido com ele, vivendo ora no passado, ora no futuro, evitando a todo custo o momento presente. Simplesmente a maior parte de nós não sustenta viver o presente: sempre arrastando as correntes do passado, voltando a ele ao menor sinal de deslocamento no presente ou se projetando no futuro:  medos e devaneios.

Sim, querida, não há tempo para desperdiçar. Mas desperdiçar é negar o agora  e (pre)ocupar-se com o futuro. Não é tão fácil, eu sei. Atenção é uma palavra chave, um passo atrás do outro, respirando. Aprendi que atenção na respiração é tudo. O caminho mais curto para o agora/presença é respirar. Quando sentir-se invadida pela ansiedade, respire. Simples assim: respire e coloque todo o seu foco na respiração. Basta uns poucos minutos e você volta para o agora.

Nanda, você já é. É todo o seu potencial se realizando, dia após dia. Poema após poema. Mas entendo suas dúvidas e angústias quanto à escrita e nossa missão de escrever, do trabalho árduo. Sinto também.

Ao tempo em que desejo, fujo.
E deito e rolo e escapo
Me debruço sôfrega
Vomito
Cuspo
Choro
E rio e sinto e canto
E escrevo e escrevo e escrevo.
Exausta e plena
Fecho os olhos
Respiro e durmo.


...Mas é Natal! Tempo de renovar afetos e desejos.

Desejo a ti e ao universo muita paz, amig@s, sabores, sons, encantamento, poesia, abraços, saúde, pés no chão e cabeça nas nuvens, peito aberto, consciência, silêncio interior e, parafraseando Carpinejar, a liberdade de um amor para se prender.

Boa viagem e volte sempre!

M.C.

P.S. Quero viver cada dia, a espera de respostas, mas quais são as perguntas afinal?

Carta de Natal

Querida Nanda,

Sua carta me encheu de alegria e saudade. Lê-la partindo para a realização de um sonho é inspirador. Ei de fazer meus percursos qualquer hora dessas. Saturno passou por mim (passou?) e não foi fácil, confesso sem nenhum constrangimento. Abalou estruturas, mas faz parte. Afinal, querida, todas as estruturas são instáveis.

E você, sábia que é, já percebeu. Viver-vivendo e passar-passando é como se vive. Não é fácil, mas é simples. Quero respirar fundo e viver-vivendo agora, por que o tempo, é de fato um sinalizador. Nós humanos temos nos iludido com ele, vivendo ora no passado, ora no futuro, evitando a todo custo o momento presente. Simplesmente a maior parte de nós não sustenta viver o presente: sempre arrastando as correntes do passado, voltando a ele ao menor sinal de deslocamento no presente ou se projetando no futuro:  medos e devaneios.

Sim, querida, não há tempo para desperdiçar. Mas desperdiçar é negar o agora  e (pre)ocupar-se com o futuro. Não é tão fácil, eu sei. Atenção é uma palavra chave, um passo atrás do outro, respirando. Aprendi que atenção na respiração é tudo. O caminho mais curto para o agora/presença é respirar. Quando sentir-se invadida pela ansiedade, respire. Simples assim: respire e coloque todo o seu foco na respiração. Basta uns poucos minutos e você volta para o agora.

Nanda, você é. É todo o seu potencial se realizando, dia após dia. Poema após poema. Mas entendo suas dúvidas e angústias quanto à escrita e nossa missão de escrever, do trabalho árduo. Sinto.

Ao tempo em que desejo, fujo.
E deito e rolo e escapo
Me debruço sôfrega
Vomito
Cuspo
Choro
E rio e sinto e canto
E escrevo e escrevo e escrevo.
Exausta e plena
Fecho os olhos
Respiro e durmo.

...Mas é Natal! Tempo de renovar afetos e desejos.

Desejo a ti e ao universo muita paz, amig@s, sabores, sons, encantamento, poesia, abraços, saúde, pés no chão e cabeça nas nuvens, peito aberto, consciência, silêncio interior e, parafraseando Carpinejar, a liberdade de um amor para se prender.

Boa viagem e volte sempre!

M.C.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Carta de Anita para Caio X - O Jardim

Querido Caio,

Desenvolvemos uma cumplicidade tal que não há como deixar de ser Caio Marques. Ele és tu. Nada ou ninguém poderá te tirar essa identidade roubada, que aos poucos foi se pegando em tua pele e amalgamando idéias e sentimentos. Sinto que preciso de tuas cartas para seguir adiante. Não quero olhar para trás, para o velho Caio que criei para mim. Quero o novo Caio, com quem partilho as delícias da última aventura pelo interior, doce de leite e pão de queijo à noite, com gosto de falta grave.

Pois bem, íamos ao campo, eu e Alva - não lhe falei sobre ela? (estás certo de que não falei sobre ela antes?) Bem, comecemos então apresentando-a. Alva é a criatura mais doce que conheci em muito tempo. Sua voz é suave e os olhos verdes grandes são profundos e expressivos. Seus gestos são limpos e leves, e em seu sorriso mora uma sofisticação completamente despretensiosa. Alva é. 

Eu a conheci logo no primeiro dia de viagem e a amizade se estabeleceu facilmente entre nós ao concordarmos que precisávamos - antes de tudo - de um sorvete para refrescar a tarde quente e úmida. Ao ser convidada a compartilhar sua companhia no domingo, senti-me profundamente acolhida. Decidimos entre um trago e outro, que iríamos ao campo. 

A ruralidade me encanta, sempre me encantou e nos últimos anos tenho sido atraída por ela mais e mais. De várias formas. Já havia compartilhado isso contigo (ou com ele) quando falei sobre a casa no campo que habitara meus sonhos por anos e que encontrei para alugar nas planícies centrais quando lá estive. Ainda assim, muito ainda tenho de aprender sobre o meio rural e suas peculiaridades, sou garota da cidade, nascida e criada em grandes centros urbanos. 

Por isso, quando vi minúsculas flores amarelas que coalhavam as margens da estrada fiquei encantada com a vivacidade dourada. Foi quando descobri que tais flores - tão lindas - são chamadas 'mal-me-quer'. Elas são na verdade uma praga que assola terrenos não cultivados. Ao ouvir aquilo desliguei-me do percurso por uma fração de segundos.


Não sei desde quando ou onde nasceu o jardim como metáfora do amor ou dos relacionamentos, mas ela cabia muito bem com o comentário sobre o mal-me-quer. Não pude evitar os pensamentos sobre isso. Senti naquele momento que quando deixamos de cultivar o amor, quando permitimos que ventanias destruam nossas mudas, e logo voltamos a cultivar nosso terreno sem fazer uma profunda e cuidadosa limpeza, corremos o risco - mais que isso, é quase certo - que ervas daninhas ou pragas como o mal-me-quer invadam a área, primeiro sorrateiros, com  jeito moleque e colorido de ser, para irem tomando conta de tudo. 
E quando nos damos conta, ela está cobrindo toda a área, e o que era o terreno carinhosamente cultivado, torna-se área tomada pela florzinha-amarela-linda-e-ordinária, que sufoca as sementeiras.


Mas a mal-me-quer não é má. Ela é o que é: uma praga, uma erva daninha. Essa é sua natureza e por isso deve ser aceita e respeitada. Ela, como planta oportunista que é, ocupa espaços não cultivados ou cultivados sem o devido cuidado. E a quem compete limpar a terra, arar e semear? Aos jardineiros. Se eles, que são quem são: responsáveis pelo cultivo, não cuidarem da terra, terão seus canteiros tomados pela mal-me-quer. 

Seus canteiros serão arrasados. tristes, eles sentirão raiva e culparão o clima, a terra, o tempo, as sementes; sentirão raiva e virarão as costas para o cultivo, achando que cultivar não vale a pena. Querido Caio, não há maior engano. Cultivar vale a pena, mas como tudo nessa vida, só e somente só ser o fizermos completamente presentes e atentos ao canteiro e ao cultivar. Apenas com atenção os jardineiros podem perceber a aproximação do mal-me-quer, da tempestade, da ventania e proteger seu canteiro arrancando pela raiz o mal-me-quer, protegendo o canteiro das intempéries da natureza. 

É, meu lindo amigo, cultivar é simples, mas não é fácil. Há que amar seu canteiro para que a sementeira vingue e cresça forte e viçosa. O trabalho é árduo, mas vale a pena, por que não há nada mais lindo e acolhedor que um belo jardim.

Abraço sincero,

A.L.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quando o Carteiro Chegou...

...Nada como receber carta à moda antiga. Abrir a caixa de correspondência e encontrar um envelope destinado especialmente a você. Felicidade é isso também!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pelotas II

Não há como conhecer de fato uma cidade sem andar a pé e enfronhar-se por seus arredores. Pelotas é uma cidade plana, seu traçado é preciso como um tabuleiro de xadrez - ou será de damas? - e suas ruas arborizadas o suficiente para tornarem as caminhadas confortáveis.  Andar a pé é ótimo antídoto para as profusas calorias dos doces irresistíveis. 

Aos arredores de Pelotas tive acesso por meio da mais nova 'amiga de infância'. Fui gentilmente convidada - povo de Pelotas é muito gentil e acolhedor - a almoçar em casa de mama. A casa, localizada num sítio delicioso, é confortável e transborda generosidade e afeto. Reflexo de seus habitantes, seu Bruno e D. Aura. 

A cozinha é aberta para a sala, linda como não havia ainda visto. A comida de D. Aura enche não apenas o estomâgo e os olhos, principalmente aquece o coração.  Mas, segundo soube, seu Bruno também é versado em panelas, sendo autor de licores e geléias, feitos com os frutos da própria terra. 

Sim, há um belíssimo pomar e uma grande horta, onde pude colher amoras frescas (daquelas bem redondas boas para preparar tortas). Alface, tomates, milho, de tudo se planta ali. Há também galinhas, bezerros e umas tantas ovelhas a berrar. 

Há mais, muito mais a ver e a sentir no Sítio Águas Claras. No passeio pelos jardins descobri lugares incríveis. Começamos por um jardim em que um ponei  tranquilo pastava. Lá havia espécies vegetais de vários lugares. Havia canela e maple - sim, aquele que é símbolo do Canadá - para a preparação de delicioso xarope a se derramar nas panquecas dos filmes com gosto de infância e gulodice. 
Mais adiante, a magia de um labirinto, copiado ipsis literis daquele que se encontra na nave central da catedral de Chartres. Experiência inenarrável, é necessário ir lá e conferir a energia que brota do centro do labirinto. Sons distorcidos em suave eco, mãos que formigam aquecidas mesmo a 12º. 

Seguindo pela trilha abaixo, logo se vê um pequeno jardim japonês, com seu restelo ao lado, pronto para auxiliar o visitante a mergulhar no silêncio interior. Seu Bruno conta a história do jardim, ao tempo em que explica toda a simbologia ali contida. Mas vocês acham que fica por aí? Não mesmo. 

Ainda há mais, quando pensamos que o passeio já surpreendeu o suficiente, há mais magia. E  adiante, um lugar que chamei de 'lugar de las abuelas''. Distribuídos em círculo estão os bancos de pedra que arrodeiam a fogueira, com seu caldeirão de ferro. Imaginei o encontro ''de las brujas'', mulheres pensadoras, sensíveis e cheias de histórias, mulheres ancestrais repletas de sabedoria, compartindo com as mais jovens os segredos do feminino sagrado. 

Ao lado, um lago calmo, refletindo a luz do céu e os eucaliptos do jardim dos patriarcas. E o caminho prossegue a perder de vista, ladeado pelas pilhas de lenha separada. Ainda não havia acabado quando a chuva fina chegou. Seguimos em direção ao outro lado da casa, encantei-me com um recanto - meu perdoe seu Bruno, esqueci o nome - em que foram dispostos bancos e um balanço para dois, em que se pode ver o pôr do sol, à frente, marcado em pedras altas, o evento quando do solstício de inverno - à esquerda - e o soslstício de verão - à direita - a inebriar-me. 

Sol e chuva. Chuva e sol, e conheci o carvalho plantado por Andréa (minha mais nova amiga de infância), e lembrei inexoravelmente que dentro de mim e de todos nós há semente do fruto do carvalho, pronta a germinar e crescer e tornar-se árvore frondosa e forte. Como anda sua semente? Germinou recentemente?

O sítio Águas Claras é também pousada, pois a casa que é guardada pelo frondoso carvalho (3qtos, cozinha, sala equipados) é hospedagem para aqueles que querem e valorizam o não fazer, o silêncio e os sons, os sabores e os odores do paraíso. Há ainda quem pergunte 'o que há para fazer lá?' Você acredita? Nem eu!


Se quiser fruir o paraíso, dá um toque para Andréa (andreachies@hotmail.com)*.


*Não faço posts patrocinados. A dica é dada dentro do espírito de compartilhar o que de melhor vivencio em minhas andanças por aí. Aproveitem e se forem lá, não deixem de escrever suas impressões do lugar que publico na maior satisfação.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Torcida Campeã

 

Havia, durante todo o ano, uma expectativa de vitória no ar. O Inter e sua torcida aguardavam ansiosos pelo jogo de hoje. Apostaram todas as fichas e sonharam acordados dias e noites esse momento. Viveram projetados no futuro incerto, como se certo fosse.

O time, conduzido por um excelente técnico, é composto por um grupo talentoso e dedicado de jogadores. Ases como D'Alessandro, Guiñazu, Tinga, Alecsandro e Giuliano, entre outros. Mas depois de tanta expectativa e  anseio, algo ficou no caminho.

D'Alessandro, ansioso, não dormira. Visivelmente abalado emocionalmente passou anônimo todo o primeiro tempo. No segundo cometeu erros absurdos para um atleta de seu quilate. O emocional suplantou seu talento e o nocauteou. Guiñazu, líder reconhecido, estava irreconhecível. O time chutou a gol 11 vezes, não acertou nenhuma.

Viveu 2010 aguardando esse dezembro em Abu Dabi e quando o momento chegou, por temor ou por ansiedade, pôs tudo a perder.


Mas a Torcida foi um espetáculo. Cerca de 5mil assistiram ao vivo, enquanto milhares de corações colorados vibravam no RS, no Brasil. Enquanto, mesmo torcedores de outros times, emitiam boas vibrações para o time do Internacional. Numa mescla de ansiedade, nervosismo e força, a tudo acompanhou: intensamente. E gritou e rezou e torceu e chorou.

E apesar dos erros, das imperfeições e fragilidades tão humanas de seu time, estava lá para apoiá-lo. Esteve lá para expressar sua tristeza e decepção. Está lá para, mesmo decepcionada, estender-lhes as mãos. As cidades gaúchas, caladas pela frustração, silenciadas pela dor da derrota, estão cá a condoer-se pelos gols não feitos, pelo título deixado pelo caminho.

O espetáculo da Torcida Campeã é  show de amor, que mesmo ferido, doído, sonhos desfeitos, se cala e chora, preparando-se para, no próximo desafio, vestir novamente a camisa, encher-se de orgulho e cantar, e gritar e torcer por seu time do coração, deixando para trás as decepções. Não importam os erros e o mal desempenho de alguns - são antes de tudo humanos - por que o amor pelo time é maior e a tudo supera.


Hoje vou de Frida Khalo...

´Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar minha música em outro lugar com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade.´´
Frida
Frida Khalo y Diego Rivera


``Rivera pintou a história e sofrimento do seu povo. Frida pintou sua própria história e sua própria tristeza. Frida Kahlo e Diego Rivera haviam de ficar juntos para sempre.``

domingo, 12 de dezembro de 2010

Diário de Bordo - Pelotas I

Pelotas é meu destino, agora. Cá estou, a reboque das atividades com projetos culturais. A cidade é mais que a terra do doce ou das charqueadas, muito embora tal cultura seja forte componente da identidade cultural local.

Os prédios históricos, as praças belíssimas, a gente acolhedora - embora alguns digam ''metida a besta'' - são marcas dessa cidade gaúcha tão particular.

Há valores intrinsecamente ligados a mim. Bem perto daqui chegaram meus antepassados açorianos, pela Lagoa dos Patos, nos idos de 1767. As famosas charqueadas foram trazidas a estas paragens por um conterrâneo - Pinto Martins - das terras do Ceará, origem de parte do clã que me trouxe a este mundo.

Logo, as veias que me ligam a este útero riograndense não são frágeis, mas significativas o suficiente para ser cativada por essas paragens sem retorno.

Sinto-me em casa. Os doces de origem portuguesa, tão propagados por aqui, são apenas mais um pista de que esse lugar faz parte de mim, como eu, neófita dessas terras, sou parte dele.

Mas além dos doces, prédios históricos e charqueadas, o que há nessa parte quase desconhecida do Brasil?

Vamos vendo, em etapas, conforme os segredos dessas terras forem sendo a mim revelados. Por hoje, entrou por um porta, saiu pela outra - quem quiser que conte outra - curtam a curiosidade sobre a mais bela cidade ao sul do Rio Grande do Sul.

Literatura

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Pulso ainda pulsa...

My Art for Sale tirou o fôlego. Eu estava morta e não sabia. Comecou a  4a. edição da feira de arte, na inauguração da nova sede do mundo.ag, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil!

...o pulso ainda pulsa. Pude sentí-lo no ar perfumado e quente já no caminho. Havia um vibração intensa no deslocamento de paisagem urbana e no reencontro com novos amig@s.
...o pulso ainda pulsa, e pulsou ainda mais quando vi ``minha cadeira`` de outono. É essa aí ao lado, posta na lista de desejos-da-vida-inteira.
...o pulso ainda pulsa: intenso, forte, vibrante. Voltou o gosto, o paladar, o sabor. Voltaram os desejos, anseios e sonhos. Pulsou em Porto Alegre, pulsa em mim, irreverente, deslumbrado e forte.
Mundo.ag é magia pura. Mergulhei num mar amarelo mel, mergulhei naquelas janelas e senti perder-me no inolvidável mundo novo.
Os artistas ali reunidos fazem parte da nova cena contemporânea gaúcha e encantam até céticas almas vindas do planalto central do Brasil.

O My Art For Sale fica até 23 de dezembro, a visita é gratuita, no entanto deve-se fazer agendamento prévio por correio eletrônico contato@mundo.ag ou por telefone. Se passar por POA, não deixe de ir. Imperdível.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hoje Vou de ... Carpinejar




''Quando se quebra a palavra não existe modo de recuperar o caráter. Igual a cavalo: depois de uma fratura, não corre mais. Nem adianta alegar que “aconteceu” ou que não teve como controlar (desculpa ainda mais calhorda, ao transferir a culpa e se isentar do ato).''

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Encontro de Amigas - Organização

 Certa vez disse num texto que 'amores vêm e vão, amig@s são para sempre'. Vári@s amig@s vibraram, ainda mais por que foi publicado num dia dos namorados em que vári@s estavam sozinh@s. Mas os amores não precisam ir para cultivarmos e celebrarmos as amizades. Todo dia é dia de sinalizar para @s amig@s o quanto são importantes. Vamos celebrar! Organizar encontro de amigas é o mote de hoje.

No novo apartamento, esse bem pertinho do Amor, celebrei pouco com amig@s. Seja por que Amor é ''bicho do mato'', seja por que a felicidade de estar com ele tenha me afastado da órbita por um tempo. Afastar-se da órbita, não recomendo. De qualquer modo, convidei amigas para celebrar amizade nesta quarta-feira, 08/12.

Sessão de filme ''menina'', com direito a espumante, acepipes preparados com afeto pela anfitriã que vos escreve, bate-papo sobre assuntos diversos-importantes-fundamentais-na-vida-de-moças-indenpendentes-como-nós e post com fotinhos no dia seguinte. Detalhe: sem detalhes!

Para organizar um encontro de amigas, primeiro passo, convidá-las com pelo menos 3 ou 4 dias de antecedência. Moças-independentes têm agendas recheadas de reuniões, eventos, compromissos. E...



  • Peça às amigas que tragam as bebidinhas, preferencialmente no caso em questão, espumante! 
  • Reserve o filme ''menina'' na locadora;
  • Pense na decoração temática (pique nique, boteco, glamour-girl - hífens decadentes - bah!);
  • Providencie, já no dia do convite, os elementos de decoração. 
  • Lembre-se de chocolates - encontro de meninas tem de ter chocolates - e, claro;
  • Reserve as receitas de acepipes temáticos. 

No caso desta quarta, teremos petiscos ''vegetables total'', que no próximo post de culinária publicarei com passo a passo. Contenham-se, acho que vão amar! São receitinhas novas - algumas do Chuck! Não deixem de cobrar a publicação deste post, ando muito emotiva, publicando só por demanda do coração.

No mais: portas abertas - da casa, do coração e da cabeça! Porque, afinal
 

TODA MULHER TEM DIREITO A CELEBRAR... INDEPENDENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Patos

Hoje li um texto que me colocou macacos no sótão. Decidi compartilhar com vocês por que mudou minha vida lê-lo. Tão simples, tão óbvio e eu não via. Vamos lá, então...

Você já parou para observar os patos na lagoa? Não, não é pegadinha. Logo após um confronto, intenso e rápido, separam-se, afastam-se em direções opostas. Daí, eles liberam toda a energia que se acumulou com o conflito, batendo vigorosamente as asas.



Assim, liberados da energia acumulada na luta, nadam em paz, como se nada tivesse acontecido. 

Agora, pense um pouco, se o pato tivesse a mente que temos, ele manteria o confronto vivo no pensamento. Ele recriaria o ocorrido milhares de vezes em sua cabeça, formaria infindáveis diálogos internos e perderia horas e horas, dias e dias revivendo a dor e o sofrimento do confronto. A mente vai recriando e recriando a história, eternizando o conflito. 

Agora, e se fôssemos como os patos? Se conseguissêmos calar essa voz interna que fica martelando na cabeça, repetindo e repetindo a história, apontando culpados,  recontando e criando novos e tenebrosos detalhes?  A voz insiste e cria novos diálogos fictícios, se disséssemos isso, se respondesse aquilo. Será que conseguimos?

Podemos calar essa voz, mas para isso precisamos ter consciência de que esta voz não é o que somos, é apenas o ego vociferando para manter o estado de dor e de indignação, enquanto nos distanciamos de nós e de nossos desejos reais. 


Eu quero ser como os patos! E você?